O confronto nas redes sociais


A internet deu voz a todos. Antigamente, a opinião era formada basicamente pelo que era visto na televisão nos canais abertos. E, para quem tinha um pouco mais de sede de conhecimento e condições, o acesso a ideias e informações também poderia ser feito por meio de livros, revistas e jornais - tudo impresso. Só que os tempos mudaram. De informação impressa passamos a ter informação digital chegando instantaneamente aos nossos perfis nas redes sociais. A notícia vinculada em um site logo se expande. E aquilo que foi dito no twitter, em dois tapas já está estampado nos feeds do Facebook.
Não se pode esquecer que em meados de 2006 a blogosfera nacional ganhou mais força. Paramos de ser apenas consumidores de conteúdo e passamos a ser produtores. A troca de opiniões deixou a sala de estar de casa, o banco da praça e as salas de aula da faculdade para ganhar voz ativa nas redes sociais. Ficando por conta dos blogs uma maior consistência na produção e divulgação de conteúdo, que não se limita a pequenas frases, mas a textos mais elaborados e críticos. Possibilitando que o debate seja ampliado e ganhe novos palcos.

Não é atoa que vemos tantas discussões. Afinal, qualquer cidadão comum pode expressar sua opinião, argumentar e propagar suas ideias na internet. Um diz daqui e outro responde de lá, e assim a coisa caminha. Alguns casos são um verdadeiro toma lá dá cá. Quem tem mais influência pode divulgar mais o que pensa e, com isso, consegue mais adeptos. Tendo a possibilidade de enfraquecer ou fortalecer uma causa, levantar ou derrubar alguém.

Mas será que todos estão preparados para isso?

Mesmo no Brasil, é preciso ter cuidado com o que se diz. Uma brincadeira impensada e inconsequente pode se tornar uma dor de cabeça terrível. Quem não se lembra do comentário infeliz feito por uma estudante de direito sobre a população nordestina, foi condenada pelo crime de discriminação racial. Sem contar os casos mais bizarros que são divulgados na internet e ficam expostos à opinião pública. Enquanto uns defendem, outros atacam sem dó nem piedade. Sem contar a falta de educação de alguns internautas, que beira o ridículo. Observando esses comentários não sei se é pra rir ou pra chorar.


Nessa toada, o ditado que dizia que "Futebol, política e religião não se discute" ficou ultrapassado. Se discute sim! E, muitas vezes, calorosamente nas redes sociais. Há quem prefira ficar neutro, seja por um motivo ou outro. Ainda que não haja uma censura declarada, há uma censura velada, que cala muita gente e impede que a verdadeira opinião a respeito seja externada. Mas existem os mais corajosos. Um exemplo disso são as opiniões que foram obrigadas a serem retiradas da internet, como ocorreu nas últimas eleições, por denegrir a imagem de figuras públicas.

Outras pessoas, por exporem os fatos relacionados ao seu dia a dia, sofrem retaliações no trabalho, na escola, na rua... É certo que isso não se compara com ao que ocorre em outros países. Mas não há um incentivo real para que se pense. Na verdade, pensar é proibido. É assim que alguns dirigentes regem o nosso país. Ficamos presos ao sistema, nem sempre democrático, do qual aquele que tentar sair pode se preparar para desviar das pedradas.

Defendo a liberdade de expressão e a troca de ideias de maneira sadia e respeitosa. Devemos dizer o que pensamos, o que não significa que não tenha que se aguardar a hora e o meio certo para fazer isso. Aliás, como blogueiros, temos a responsabilidade de contribuir com uma discussão palpável de ideias e opiniões, a fim de enriquecer o debate.

Não dá pra moderar o povão. Mas, é possível cuidar da própria postura na hora de sair dizendo por aí o que realmente se pensa a respeito. O artigo não tem o propósito de inibir, mas sim de conscientizar para um uso mais proveitoso das redes sociais.


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